terça-feira, 1 de novembro de 2022

Premiado em festival, documentário cearense “Tereza e Bruno” estreia dia 15 em Fortaleza; exibição será no Cine São Luiz

Vencedor da categoria Melhor Trilha Sonora em Média-Metragem do OFF Pocket 2022, festival amazônico de cinema ocorrido nos dias 21 e 22 de outubro, o documentário cearense “Tereza e Bruno” será lançado oficialmente em Fortaleza no dia 15 de novembro. A exibição acontecerá no Cineteatro São Luiz, uma das salas mais tradicionais do estado. A entrada será gratuita.


A apresentação ao público cearense acontecerá após o filme compor o Pupila Film Festival, ocorrido em Olinda (PE) de 20 a 25 últimos. A película também foi selecionada para o Brazil New Visions Film Fest, que acontece de 26 a 31 de outubro em Camaragibe (PE). A produção acumula, portanto, três festivais e um prêmio antes mesmo do lançamento oficial.

Dirigido e roteirizado pela cineasta Rosane Gurgel, o documentário retrata a vida de Tereza de Castro Brito, de 94 anos, que desde 2017 convive com sequelas insuperáveis de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e recebe os cuidados do filho, o jornalista Bruno de Castro. A inversão de papéis ocasionada pela velhice e pela nova condição da mulher virou o livro “E, no princípio, ela veio: crônicas de memória e amor” (Editora Moinhos), escrito por Bruno e que em 2020 foi finalista do mais importante e tradicional prêmio de literatura do Brasil. Também já foi retratada em bordado, charge, pintura e adaptação para teatro antes de chegar ao cinema.

Para ganhar agora a telona, o filme foi gravado na casa de Tereza, no bairro João XXIII, periferia de Fortaleza, em novembro de 2020, quando a cidade atravessava o entrepico de contaminação do novo coronavírus (Covid-19) e os casos estavam em baixa. A simples possibilidade de contaminação exigiu da equipe envolvida na produção cuidado redobrado na captação de imagens, já que a personagem principal da película fazia parte do grupo de maior risco de contração da doença e à época sequer existia vacina.

“Quando a Rosane me apresentou a proposta do filme, nós vivemos um dilema porque o risco da Covid, apesar de baixo, existia e seria fatal pra uma mulher como a mamãe. Ao mesmo tempo, eu tinha receio de, mesmo sem pegar Covid, ela vir a falecer, porque esse risco é real, diante da situação dela. Aí, nós não conseguiríamos gravar e eu perderia a chance de homenageá-la mais uma vez em vida. Aceitei o convite da Rosane e nós definimos uma série de medidas de segurança, como uso de máscaras, equipe reduzida, testagem de todos os membros e distanciamento completo da mamãe. Dois ou três dias depois, nós rodamos as cenas”, recorda Bruno.

Foram dois dias de gravação. Dezoito horas de filmagem, ao todo, com tudo isso tendo que ser condensado nos 19 minutos de um documentário cuja trilha sonora, reconhecida como a melhor do OFF Pocket, precisou ser composta do zero. O trabalho é assinado pelo produtor musical Jean Nands. “A Tereza já tinha uma relação com as canções do Luiz Gonzaga; aquele forró antigo, melodioso. Então, esse foi nosso ponto de partida para preservarmos as origens sertanejas dela, ressaltando uma história que é marcada por amor e dor, dada a condição dela atual”, explica o editor do filme, Helton Vilar.

 

No OFF Pocket, o documentário cearense foi indicado a outras três importantes categorias: Melhor Média-Metragem Nacional, Melhor Roteiro em Média-Metragem e Melhor Direção em Média-Metragem. “O “Tereza e Bruno” foi dos poucos documentários que eu fiz e me emocionei durante a produção. A história de amor deles dois é muito bonita. A gente sente uma verdade muito forte quando ele fala dela, mesmo quando se refere aos momentos mais dolorosos e nada românticos de tudo o que se tem vivido desde o AVC. É um documentário que eu tenho certeza de que vai tocar muita gente.”, diz Rosane Gurgel.

 UM ALERTA

Causa da reviravolta na vida de Tereza e Bruno, o AVC mata uma pessoa a cada cinco minutos no Brasil. E deixa pelo menos 300 mil pessoas no país por ano com sequelas temporárias ou definitivas. Isso faz da realidade da dupla algo comum a muitos lares. Gente que, como o jovem jornalista, não estava preparada para lidar com uma realidade tão diferente do que se vivia até o AVC acontecer. É, portanto, um tema urgente a ser pautado, assim como a responsabilidade afetiva de filhos com mães e pais diante das consequências do fenômeno.

“Do emocional ao financeiro, tudo é muito avassalador. A vida vira de cabeça pra baixo e não te dá tempo de se adaptar. Você faz tudo com os dias correndo, as necessidades da pessoa ali, na tua frente, e você precisando ser de tudo um pouco: médico, enfermeiro, fisioterapeuta… É bem cruel. Mas o filme da Rosane mostra que, apesar disso tudo, é possível atravessar essa fase mantendo o amor, sem abandonos. Minha mãe é a minha joia mais preciosa e eu vou com ela até o fim”, acrescenta Bruno de Castro.

 

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