Gerou muita angústia e foi gerindo, nos profissionais, quando perceberam o distanciamento do retorno, mesmo tendo todas as ferramentas em mãos
Era exatamente março de 2020, quando as aulas presenciais da rede pública, no Brasil, foram suspensas por conta da Pandemia da COVID-19, e começava uma nova forma de ensino, o ‘regime remoto’, que se estendeu até maio de 2021, e, quase todos os estados brasileiros aderiram a essa nova modalidade de ensino.
Segundo
a coordenadora de Unidade Educativa do Estado do Ceará, Maria Lima, o ensino
remoto já estava previsto e, assim que recebeu ordens para fechar as portas da
escola, se reuniu com sua equipe e começaram a articular com as famílias dos
alunos. “O ensino remoto já estava em minha mente e, no dia 18 de março de 2020,
fomos solicitados a baixar as portas e iniciamos as conversas com os pais
explicando como seriam as aulas dali em diante”, disse a gestora.
É
sentido por todo o mundo o caos pandêmico em que todos estão atravessando, e os
profissionais de educação foram capazes de se reinventarem. “Todos os setores,
do maior ou menor, sentiram muito e não foi diferente com a educação. Sacudimos
o sentimento de impotência e tiramos da gavetinha nossas habilidades e
capacidade para reinventar”, afirmou a coordenadora.
Ainda
de acordo com a gestora, Maria Lima, esse tempo pandêmico foi difícil, isso porque os profissionais achavam
que voltariam em uma semana ou duas. E isso gerou muita angústia e foi gerindo,
nos profissionais, quando perceberam o distanciamento do retorno, mesmo tendo
todas as ferramentas em mãos. “Começamos a pesquisar aplicativos de todos os
formatos para tornar nossas aulas interessantes. Incrível foi o amor que
conseguimos envolver nas famílias”.
A coordenadora apontou, também, a questão da
mudança e inclusão dos alunos da rede pública e a importância da parceria entre
os familiares e a escola. “Passos seguros e consistentes já estão sendo feitos
e testados para a mudança e a inclusão. Acredito que a boa vontade agregada com
condições de realizações com certeza iremos obter sucesso. Porém, afirmo,
parceria família/escola é indispensável para o sucesso das crianças e da
sociedade. A continuidade de estratégias com todos os segmentos da educação, trazem sempre
estudos significativos e de funcionalidade exitosa capaz de ascender as
condições de sucesso da nossa rede de educação pública”, finalizou Maria Lima.
Medo, resistência e
insegurança dos pais e professores
O
professor e pai de aluno da rede pública, Antonio Silva, relatou o quão difícil
foi durante e pós-pandemia. “Diante de um caos de muita gravidade e não esperado
por nós, podem afirmar que a insegurança plateia esse momento inusitado de
nossas vidas. Eu, além de professor, também tenho adolescente em casa que
estuda em escola pública. Aqui na minha casa, sentimos em dobro tudo que se
passa, pois somos uma família inserida na educação. Assim, pude compreender,
além de sentir que nossos alunos também têm dúvidas, dificuldades e medos”.
Ainda de acordo com o professor, a retomada às
salas de aulas em sua região foi com o ensino híbrido no dia 08 de setembro de
2021. Antes do retorno, os profissionais de educação prepararam as famílias e os
estudantes sobre os protocolos de segurança da escola que foi oferecido baseado
em estudos e orientações das autoridades de saúde. “Tínhamos interesse que o
retorno fosse um sucesso... e foi, nossa escola encerrou suas atividades do ano
letivo de 2021 no dia 23 de dezembro e pudemos afirmar que, não fomos a causa
de aumento da COVID-19 e demais casos gripais. Porém, quanto à aprendizagem dos
alunos, estamos seguindo a nova empreitada com confiança no potencial múltipla
de todos os envolvidos no processo educativo”, explicou.
Ela relatou, também, que na retomada em sala de aula foi híbrida e que teve
muito medo de pegar a COVID-19, mas a escola seguiu todos os protocolos, e
todos os estudantes foram orientados pelas normas da saúde pública.
Pesquisa
sobre o medo dos pais em levar seus filhos para a escola
Uma pesquisa realizada recentemente pela Behup mostrou que
os pais tiveram muita resistência em levar seus filhos para escola e que, na
rede pública, apenas 34% dos pais confiam que as escolas estejam preparadas com
os protocolos sanitários.
A pesquisa também apontou que, com o fechamento das escolas,
os pais alegaram que teve impacto diretamente na saúde mental dos seus filhos.
v Vício em jogos e
celular 75%;
v Irritação exacerbada
45%;
v Sem vontade de fazer
nada 40%;
v Alterações no sono
39%;
v Regressões de
comportamento 20%;
v Isolamento 17%;
v Crises de pânico ou
medos exagerados 15%;
v Pensamentos
suicidas 3%;
v Outros 2%.
Fonte:
Behup
De
acordo com a UNESCO, os estados das regiões Sul e Sudeste foram os primeiros a
aderirem à volta das aulas presenciais, mesmo que gradualmente e escalonada, ou
seja, alguns alunos retornaram às aulas presenciais e outros foram retomando
aos poucos de forma híbrida. Contudo, teve regiões que não retomaram nem
presencial e nem híbrida, mesmo com as vacinas já terem sido iniciadas em junho
de 2021.
Segundo relatório das Nações Unidas, o Brasil foi um dos
países que passou mais tempo com as escolas fechadas. E, no início do ano de
2021, teve a retomada às salas de aulas, mas foram interrompidas novamente pela
segunda onda da COVID-19, que fez o Brasil chegar a ter 4.000 mortos por dia.