“Quando comecei a trabalhar durante o dia ficou mais pesado saia de casa às 8h da manhã e só chegava às 23h, após a faculdade, mas tudo isso serviu para eu ficar mais forte e criar forças de superação”
Na era dos anos 2000, muitos brasileiros da classe baixa viram seus sonhos virarem realidade através da graduação. As oportunidades vieram com os programas de incentivos ao curso superior, e eles agarraram. Diferentemente da classe alta que tem acesso aos estudos, e é muito mais fácil basta abrir as portas que estarão à sua frente.
No entanto, a classe menos
favorecida ainda encontra muitos obstáculos para ter acesso a um curso
superior, seja pela situação financeira, pela falta de oportunidade ou até
mesmo de uma enfermidade, conseguir chegar a Universidade é uma coisa quase
impossível no Brasil para o pobre.
É o caso de Mariana Silva
que é de família humilde, nascida no interior do Ceará que aos 8 anos de idade,
já sonhava em fazer uma faculdade. Em busca de melhoria, a família mudou-se
para cidade grande, mas as dificuldades financeiras continuaram.
Na época Mariana teve uma
ideia inusitada, como seus pais não podiam matricular numa escola, ela resolveu
levar uma galinha para trocar por uma matricula no colégio particular, mas a
sua ideia não deu certo e a jovem chorou muito e não entendia o porquê de não
poder estudar. Até que aos 10 anos, com muita dificuldade ela conseguiu a sua
tão sonhada matricula numa escola municipal de ensino fundamental.
Ao longo do tempo, Mariana
passou por varias dificuldades financeira, mas não desistiu do seu sonho,
conseguiu concluir o ensino médio no Educação para Jovem e Adulto ( CEJA). Daí em
diante inicia a correria para fazer cursinhos e tentar vestibular na
Universidade Federal do Ceará (UFC), mas nunca passava e as frustrações aumentavam
cada vez mais.
Depois de quase 6 anos
tentando entrar na Universidade, Mariana decidiu fazer vestibular na faculdade
particular e passou. Começa mais um grande desafio de Mariana. Como ia pagar
uma faculdade tão cara sendo pobre, foi ai que ela começou a trabalhar e com
muita luta conseguiu. “Fui trabalhar e consegui pagar a faculdade e me formar,
na época foi uma alegria muito grande para minha família eu sendo a primeira
filha a ter um diploma superior”, disse Mariana.
Hoje Mariana é pós-graduada
em assessoria de comunicação e realizada profissionalmente, e seu curso
superior trouxe muitos conhecimentos e aprendizados.
Já o jovem Lucas Miguel de 23 anos, que sempre sonhou em ter uma graduação na área de exatas, enfrentou muitas barreiras, antes de se formar. Lucas terminou o ensino médio e foi enfrentar o mundo dos vestibulares nas universidades, foi ai que percebeu o tamanho da dificuldade que ia enfrentar, já que seus pais não tinham condições financeiras para bancar a sua faculdade.
Ele se dedicou no Enem e
tirou notas boas, passou 3 anos fazendo o exame para ir testando seus
conhecimentos e se preparando para a prova, além disso, ele fez cursinho
durante 1 ano ofertado pela sua antiga escola tudo muito simples, sem muito
orçamento, tinha que pagar até as resmas de folhas para impressão dos
simulados.
Lucas teve notas boas e
conseguiu uma bolsa integral no curso de design gráfico pelo prouni, mas não
pode cursar, pois a universidade não fechou turma, por ser um curso de baixa
procura. ”A partir daí coloquei na cabeça que não queria ficar parado e optei
por fazer um processo seletivo no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), para o curso de Licenciatura em
Geografia, no qual obtive êxito e passei a cursar por 4 meses e pude aprender e
sentir como era o ambiente de uma universidade”, explica.
Porém esse curso ainda não
era o que ele queria, e no início de 2017, ele ingressou na Unicatólica de
Quixadá com uma bolsa Fies de 95%. Lucas agarrou a oportunidade, já que seus
pais não podiam bancar a faculdade. ”Eu queria dar esse presente pra eles de me
formar, e assim enfrentei 5 anos de graduação em Engenharia de Produção”.
A luta foi grande, ele
enfrentava todos os dias o ônibus universitário lotado e o perigo na estrada,
chegava tarde a sua casa, pois morava há 54 km de distância da faculdade. “Quando
comecei a trabalhar durante o dia ficou mais pesado saia de casa às 8h da manhã
e só chegava às 23h, após a faculdade, mas tudo isso serviu para eu ficar mais
forte e criar forças de superação. Hoje estou agradecido por tudo, todas as
oportunidades que me aparecem sei que é uma forma de recompensa perante tudo
que enfrentei, hoje estou trabalhando, em um emprego formal, o qual ainda não
estou recebendo o teto, porém ainda está tudo muito recente, tá acontecendo
muita coisa e só posso dizer que sou grato por tudo e todos que puderam de
alguma forma me auxiliar a chegar onde estou”,
finalizou o engenheiro.
Antônia Eliete tem 45 anos e reside em Fortaleza também enfrentou poucas e boas para ter a sonhada graduação. Na época ela trabalhava em um supermercado como operadora de caixa, e veio aquele insight de ser uma universitária para ter um bom emprego. Quatro anos de muitas lutas, estudando e trabalhando e chegava por volta de meia noite e saia às 5h da manhã.
De acordo
com Eliete, os obstáculos foram aumentando à medida que a formatura se
aproximava. ”Eu não tinha dinheiro pra pagar nada da minha formatura”, disse.
Eliete apesar de ter feito o curso de pedagogia, não exerce, pois descobriu que
não era aquilo que ela almejava.
Porque
a graduação é essencial para a vida das pessoas?
Todos nós sabemos que um
diploma de graduação aumenta e muito as oportunidades profissionais e
possibilitam o indivíduo de ganhar melhores salários, trazendo, assim, um
crescimento pessoal. Uma pessoa de classe pobre conquistar um diploma de um
curso superior faz um grande diferencial no mercado de trabalho.
Portanto, ter um diploma é
muito importante na vida de qualquer um ser humano, que podemos até considerar
um dos principais pontos para iniciar uma carreira de
sucesso. É sabido que o mercado está ‘inchado’ com volume de estudantes que as faculdades
‘despejam’ todos os anos, mas não é motivo para desânimo, afinal as
oportunidades estão ai para quem quer agarrar.
De acordo com a professora da Universidade Federal do Ceará (UFC), Mattu Macedo, o cenário profissional não está fácil hoje em dia, o mercado está muito competitivo para quem tem uma graduação e imagine para aqueles que têm somente o ensino médio. “A graduação hoje é um mínimo que o aluno, que a pessoa tem que ter para ser valorizado no mercado”, finaliza.
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